... É só clicar no titulo do Blog, ( Em casa de poeta, o importante é sonhar!) que ele disponibiliza todo o conteúdo. Eu, acho que vale a pena. Acho também que a troca seria perfeita se deixassem um comentário, eu adoraria! Mara Araujo





sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O amor mora em mim...

Amo escrever, amo ler. Escrever é uma das minhas facetas, mas, esta é explícita. Algo tem que ser explícito. Quando decidi tornar público o que escrevo, fiquei preocupada com essa exposição, mas a literatura por si só já me protegia, então me soltei, Freud explica. Fiz muitos anos de terapia psicanalítica, amei demais e para conviver com tanto amor haja terapia para entender e se manter indivíduo, porque quando amamos pensamos ser dois... Possuímos uma tendência desordenada de absorver o outro, uma forma egoísta, um desejo inconsciente de anular-se ou, anular o outro. Vivenciei tudo isso durante mil sessões de análise, choro, angústia, dores e amor, nossa! Que tanto amor era aquele... O maior amor do mundo. Fundíamos-nos de uma forma única, plena, selvagem e lúdica. Gosto de pensar e escrever, porque vejo como uma pessoa como eu, que obteve a graça, a benção de ter vivido um amor assim, pode às vezes ficar triste? Então penso... Se, obtive a capacidade de doar e receber tanto amor é porque o amor existe em mim, e se já possuía tanto e o dele se somou ao meu, sou plena de amor, e isso está bem claro para mim, não importa se a relação acaba ou não, importa-me vive-la em todas as suas nuances e tempo. Sinto-me feliz e abençoada por esse entendimento amadurecido, conheço tantas pessoas que nunca sentiram sentimentos tão absolutos, tão contundentes, mas ao mesmo tempo, fico tão preocupada porque é tanto amor que me habita que me sufoca, confunde, paralisa. Tudo passa a ser somente com amor, por amor, com a recíproca do amor, com a junção do amor... Nossa! Cansei de mim...

Mara Araujo

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ondas bravias

Onde foram as palavras... Absurdas, obscuras e frágeis. Faltam-me palavras para descrever essa sensação, essa compulsão, essa tensão que parece eletrificar o corpo. Meu corpo, tão frágil e cheio de segredos que de repente se abrem como um mar em atrito, turbulento e grandioso, selvagem e antigo, num vai e vem gritante de ondas a bater em rochas milenares, que parecem gritar... Toma-me, mata-me agora!  Liberta-me de ser eu, salpicada de anêmonas, estalactite, moluscos e algas. Arranca-me os cabelos e mata-me. Acaba com essa pulsão que se projeta como coisa selvagem, com esse bater de ossos de dentes e coração, onde os nervos degeneram-se, em fiapos. Faltam-me palavras e coragem para gritar possua-me, toma-me com força dentro dessa febre absurda de sentir, sentir, sentir...




terça-feira, 31 de maio de 2011

Nostalgia

Outono largo e ressequido, onde voam pardais. Choram Marias, choram Joaquins e chove no fim da tarde como a pressentir o inverno, frio, cortante como dor. Boca grande e ressequida, que aguçam vontades e uma lavra de palavras quentes que agitam, que gritam a grandiosidade do instante enquanto a barriga dói... Quero parar! Quero dormir, ficar só, ir embora, sair do lugar comum, largar panos, paredes e cheiros. Não te ver, não falar, não estar a me perguntar o tempo todo o que pensas, o que sentes, o que queres, e parar de ficar tentando desvendar-lhe o olhar... Parar de ficar me perguntando o tempo todo como ficarias sem mim que não sei como viveria sem ti, como ficaria sem ti... Não sei, não sei, não sei! Estou cansada, farta, exausta de tantos pensamentos a virar me na cabeça como fogo, de querer agitar, buscar entender, latejar, desejar e mais, e mais e mais... Basta, chega desse estar só, dessa ausência acompanhada, desse romper sempre, desse cansaço que me persegue como medo, desde que escurece ao meio dia a meia noite de todas as horas. Preciso parar, dormir, acabar, deixar de ser mais um, mais um, mais um...
Aquela mulher...

Sou de espécie diferente, de ordem lasciva. Abrangente e ténue quando me acalma os sentidos. Maciça e redonda nas curvas. Sou uniforme. Feno, canavial e salina. Sofisticada e extravagante e minhas mãos queimam ao te tocar. Possuo tentáculos, um sentido intenso, e meu cheiro vem das entranhas, das veias da terra. Possuo águas e vontades, e sou tua...



Sedução

Quero o estardalhaço das noites intensas, onde bebemos, dançamos e brincamos fazendo amor... Sorrimos de tudo e somos felizes, e somos completos... Lindos loucos e indecentes. Quero vela acesa, lençóis de cetim e a ternura do seu corpo sobre o meu. Quero flores e champanhe para comemorar, a boca vermelha como sangue e o corpo mole, líquido e vibrante. Veludo e violetas. Sua boca na minha barriga onde viro e reviro absurdos. Quero essências fortes, cactos, raízes e pétalas a grudar-nos no corpo molhado de amor... Lindos loucos e delirantes

sábado, 28 de maio de 2011

Sensações

Vasta é a meditação que vem de dentro quando ouço que a minha idade não permite ciúmes, não permite excessos. Estou cansada de fazer aniversário, porque, pensam, sou obrigada a mudar. todos exigem que eu mude, ou precisam...Que seque, que pare, talvez até que morra! E eu não mudo! Continuo andando para o tudo, como um corpo a corpo, contra todas as exigências que gritam nas esquinas e ruas da minha existência. Incompreensão dessa raiz intuitiva que não se solta para o nada, não para e segue... Enquanto a vida se desencadeia em mais um aniversário, avançando suspeita, insegura, em que direção... Não sei, e sinto! Extraordinário sentir ciúmes, raiva, desejo, amor. É como abrir-se deliberadamente para a vida, é como esgotar-se, transmitir-se, sofrer, dar-se a importância do mundo, não fugir e nem viver apenas comtemplativa, em graça, é gastar-se, é ter o que dar. Permitir-se a insegurança total. É comer a fruta inteira enquanto a fome assola o mundo e faço mais um aniversário... E não cresço, não mudo não assimilo, não incorporo, não paro de sentir tudo... E mais....

domingo, 22 de maio de 2011

Tema
Existe uma solidão tema, um medo interno em tudo que faço, em tudo que sinto, e sinto saudades! Caminho devagar e sinto medo, das marcas, da dor que abrasa o peito e que não cessam nunca, cúmplice desse momento. Briga, ausênçia e esse sinal de cansaço que antecede. Essa certeza do amor que gera angústia, tormento, visões e essa falta de resposta, de comprometimento. Esse silencio, vazio opressivo e só, que te deixa à merce como animal acuado que acaba morrendo primeiro, com a boca seca e cheia de sensações absurdas e frio...


inexpressível silencio

Toda a dificuldade é um gene que não fecunda, uma cria que não nasce, é a indiferença que lateja, a intolerância que berra seca diante de um povo que caminha morrendo de fome, de sede, de sonhos. Noite vasta e afiada, inexpressível silencio. Taquicardia. Olhar esgazeado. Mortos vivos onde existe um perdão implícito para cada corpo que jaz nas calçadas, com a barriga cheia de vermes e trovões. A ausência do  impossível, do indizível, do improvável amanhã, onde quedamos mortos entre dores e medo, fome, desejos e sonhos. Indignidade dentro do inexpressível silencio

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sou...
Não sei o que, mas sou. Louca, sacana, perdida na vida, sou existencial, sou mulher! Intimidade, irritação, vontade intensa, Marte, Vénus e até Júpiter com seu imenso rio de magma. Comprometida e fugaz além dos cinco sentidos. Etéreo, pisando firme na terra onde afundo até os ossos. Sou flor, mas sei ser esterco também. Sinto medo e euforia. Sinto dores e prazeres inespressiveis que ataco com as mãos, braços pernas e garras. Falo suave, mas grito palavrões nas horas mais improváveis. Serena e agitada. Sou aquela que não se sabe, que não se espera, que não se quer pois causo medo, inquietação e perguntas. Um pudor despudorado e penso melhor do que falo. Sou humilde, enfraquecida e forte como um vulcão, altiva e flexível, animal e humana em todas as vértebras. Inquieta e insuportável, mas doce, mansa, ampla e livre. Cósmica e ardente, tenho alma! Algo que transcende e esgota em raízes, sempre entendendo tudo até o fundo das entranhas. Larga no reflexos e nas manchas cosmicas que possuo escondidas nas vísceras e não consigo entender. Sou, qualquer coisa que não sei o que é...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Corda Bamba

Os dias estão meio tensos ao sabor de Abril. Nebuloso,sombrio e inquieto, enquanto a vida segue seu rumo farto de exigências e mascaras. E seguimos ondas, mares e pisamos os fios de uma corda bamba que me deixa cair... Um imenso baú, cheio de historias e tensões. Sinto vontade de ficar ali deitada, puxar a coberta e dormir. Um imenso medo de me machucar e levanto rápido, assustada, um medo de quebrar, de morrer, e choro...  Choro todas as tensões, os dias complicados de trabalho, a ausência... Sinto-me só, insegura com medo de tudo, e sangro... Percebo de repente que me ajudam a caminhar, dão me agua, afeto, palavras, e tremo... Todas as  dores, aflições e a insegurança de estar só dentro dessa individualidade absurda que não me protege das quedas, dos fios, dos meios e entre meios que me agridem, derrubam e fazem-me tremer, diante da consciência de que sou apenas um corpo, frágil e mortal. O dia está tenso... 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Moveis antigos

Historias antigas e teu pulso, tua força, tuas mãos, tão frágil e minhas ideias de encantamento, talvez também tão frágeis dentro de palavras tão delicadas, vinho e o café da manha. E o mundo... Cheio de pedaços, risco e dívidas, onde deito insónia, vontades e intenções de um amor real. Mas logo agora... Logo agora que as luzes escurecem e seu cheiro se impregnou de tal forma nas paredes da casa, que esta alergia se tornou cronica... Logo agora que fantasmas se espalham pelos móveis, sentam-se nas cadeiras, submetem vigiam e tolhem todas as verdades que ficam escuras, sujas, mentirosas e vil... E saio medindo verdades, dosando a conta-gotas a vontade do mergulho onde tudo se inicia, e saio escancarando portas e janelas, limpando feridas e crimes e te recolho do fundo, do abismo profundo onde tudo se acaba... Faço-me cúmplice, amante e amor e deito véus coloridos para que caminhes... Brinco historias e sorrio encantada enquanto me olhas e cantas para mim


O cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo tende piedade de nos...

domingo, 24 de abril de 2011

Então eu paro... Olho... Penso... E sigo! Viajo mundos de outras eras, coisa mais imaginável... E voo por galáxias vestida de tule e sedas, pedaços de planetas, gamas de cores, outras franjas, sobre mares de um azul esverdeado que chega a doer. Giro em torno de todos os sois, uma esfera e toda a cumplicidade do êxtase, do excesso que me sobra... O tempo é curto de mais!
 Meia noite e meia...

Um desejo louco me absorve de repente... Um cheiro de carne, de suor, um cheiro vagabundo de vinho e estações de subúrbio. Coisa mais instintiva que me envolve, que derruba e abate. E caio do sonho cheia de teias, de veias, de intenções maliciosas e um latejar na carne que machuca, que oprime, que cheira a mangue, a nomes feios a estupro e a terra.  Um cheiro sacana de coisa mais gostosa, ordinária, primitiva, mais sem entender... E deixo que cresça minha vontade... Meus demónios bruxas e dragões abrem caminho e me esquentam o corpo todo, e nem querem saber de alma, enquanto sinto o corpo molhar, como um poço caudaloso e limpo, como raiz que cresce e se estende por dentro da terra quase escondida, que arde, que queima, que grita, que quer...

Somos mulheres e as vezes a meia noite e meia um silencio com um gosto doce, nos abraça e nos deixa assim, com a boca cheia de babas e vontades, um corpo malicioso que queima encolhe e quer se soltar, e então abrimos braços, pernas e  espaços e pedimos a todos os anjos, para que não estejamos sós

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Uma canção de ninar

Vejo você remoendo, revirando ossos, passado e lamentos. Vejo você nu, tão pequeno, tão frágil, sujeito a qualquer parada abrupta, cheio de traços de hereditariedade, de notas musicais tão matematicamente pensadas, comidas, mastigadas, espremidas... E é você, e tão pouco te conheço. Trouxe-me um cheiro doce, antigo, confidente e cúmplice, de quem pega, recebe e dá, procurando palavras,  afeto e um amor gasto nas mãos. E te abrigo no meu corpo de fluidos soltos, na minha alma, nos meus planetas, e te passeio nas costas da forma que sou, tentando apagar pegadas antigas na tua carne que fogem por esquinas e ruas, de uma estação qualquer enquanto dormes, e sopro em teu coração, que sou tua...

quinta-feira, 24 de março de 2011

Estações


Ah, meus pensamentos descabidos que ficam dando voltas na minha mente embriagados, como se tudo pudesse mudar. Meus intentos, atitudes e gestos. Como poderia mudar o mar e seus vulcões, suas ondas inquietas, sereia e musgos. Preparar fantasmas abrigos e abutres antes da hora final... Como mudar a expectativa dos poros, a fome da alma e as estações...E vivo sorrindo, brincando, frustrando desejos e ações num presente quase nada, antes que o dia acabe e eu volte a dormir

quarta-feira, 23 de março de 2011

E a vida cabia...


Um céu azul a murmurar raios, beijos e lua na minha boca, e tudo se iluminava. Era um amor que doía e invadia a casa inteira, pintando paredes com todas as cores  absurdas e brilhantes, e você era a casa inteira. Plumas, pernas, pássaros e os sonhos... O sol cintilava em sua boca murmurando flores e graves silêncios num ar de magia, de rio, e o amor era líquido. Escorria por todos os cantos, penetrava em todos os lugares, por todas as portas, saia por todas as janelas e se espalhava no ar salpicado de luz e de encantamento. E você se prendia nas paredes da pele, nas roupas, entrava nos vãos, em todos os fios, nos armários e no meu corpo, como vinho derramado. Enquanto eu, como um gato, como um bicho, abria todos os espaços, todos os buracos, entranhas, aranhas e grutas e você entrava e saia como vida, como respiração, como misericórdia, como oferenda e ritual, sem perdas nem danos e nos cabíamos. E nos perdíamos  entre poderes, fluidos secretos teias braços, pernas flores, abismos, beijos e pássaros, e a vida cabia num canto de beija-flor...E a vida cabia...

Lua e Sol


Esta loucura de dias que passam cheios de nuvens picadas, de coisa escondida e terra molhada. Não consigo desenvolver luas e sóis e uma bela roupa branca e florida.Estrada árdua batida e dura, caminhos estreitos com cheiro de medo, desesperança que vem do meio da terra gasta. Uvas secas nem viagens. Uma noite comprida e fria sem envolvimentos, que nem procuro mais. Envolvimentos que sempre chegam mansos e aflitos, onde sempre fantasio arco-íris, lençóis floridos e um sorriso de água, onde sempre mergulho fundo, até os pés. Ergo gestos de impaciência e um isolamento instintivo para estar sóbria, sem promessas nem impotência nessa hora de verdades. Tenho gestos articulados, medidos e cheios de arame, que fere para não me ferir. Ouço sorrisos, brincadeiras e penso que já morri, caminho só, isolada de braços e corpos, pareço um fantasma, um morto-vivo em uma alternativa acuada e silenciosa, sem versos, sem rimas, sem luas sem sóis...

sábado, 19 de março de 2011




Segredos

E os dias vem e vão, agitados e felizes nas linhas fundas das minhas mãos, enquanto o tempo passa sempre sacana nessa terra de mistérios, emanando segredos que guardo escondidos, brancos e azuis. Parimos, nascemos e morremos todos os dias cheios de vontades e revolta em meio a regras e rituais. Cabala, pala-fitas, mangues e corpos. Cama elástica trapézios e trunfos, libidinosa e esquiva sempre arriscando, correndo e arrastando véus. Ah vida... Ocupo  pouco espaço, meu tempo é curto demais, danço e dou risada assistindo à tudo com a boca cheia de dentes. Mergulho fundo nessa caverna de dragões famintos sempre acreditando que posso, que vou conseguir. Mastigo rápido, engulo tudo e afundo a cabeça no travesseiro, sonho teus olhos, teu cheiro teu gosto e quero que fique comigo, que me transpasse o corpo e a alma, me aperte fundo com pressa, antes que o mundo acabe...

domingo, 13 de março de 2011

Presságios


Somos tão  pequeninos, tão frágeis diante do grotesco. Afundamos correntes e braços numa fúria desmedida a derrubar estrelas e sóis. Carros, navios, tanques e corpos a passarem diante dos meus olhos enquanto gritos dilaceram-me os ouvidos. Terremoto, maremoto e presságios. Força interna em um oceano desbravado de dor onde as almas circulam em bandos. Fantasmas e gritos onde a vida muda o rumo, muda o eixo em um revirar de terra de ossos, e o sangue flui de uma terra amarela e cansada. O mundo se compactou. Espectros, lágrimas, gemidos e sal num avançar violento e mortal. Vermelho no rufar das ondas que correm. Velas acesas afugentado ausências, tudo como um facão, num golpe só! Vísceras, tripas e cores, braços bocas e dentes...

sexta-feira, 11 de março de 2011



Coturno e Pétalas



Delicadeza diferenças, mulher. Nuvens e sonhos que logo passarão... E um dia sem querer tudo se fez diferente. Flores espalhadas pelo chão, pétalas vermelhas de amor e a simplicidade natural da paixão, onde se tem o perfume de todos os ventos poeira e rosedá. Alguma coisa sua se espalha no chão enquanto andam pra lá e pra cá. Coturno e pétalas, um riso marcado, os bolsos a alma e as mãos. O quarto, o desejo, a rua e a nossa cumplicidade vermelha de vontades. Tules e gases azuis. Você enlaçada em fitas e gestos diante do medo, cheia de muitas eras atrás. Música e sons. Planeta vermelho, sóis e vulcões em teus olhos. Entraves e oscilações. Acontecimentos a recair sobre nós como porcos-espinhos. Poeira, norte, sul, outras vertentes, e nós...
Águas profundas

 Houve um tempo de urgência, um amor desmedido a emergir de águas profundas. Hoje, o mar se agita negro e repleto de líquen revirando entranhas cadáveres e breu. Houve um tempo de riscos na carne onde sabíamos tudo, entendíamos as bruxas as fadas, os bichos e mergulhávamos nas noites escuras vestidos de amor. Escorregávamos para dentro de todos os espelhos fantasiados de cores de flores, éramos estrelas de todos os mares sem atitudes complicadas, sem medo, sem simulações. Bebíamos todas as gotas de orvalho, cotidianos de rios mágicos, caatingas, savanas e arco-íris, todos os extremos e contrastes. Dia após dia nos consumíamos em prazer em malícia. Lua sóis e estrelas em todo o seu esplendor nos pertenciam, a vida nos pertencia em todas as suas manifestações e dançávamos a luz de todos os sóis. Possuíamos a loucura do prazer e um desejo ardido a nos consumir. Vinho tinto a escorrer, risada selvagem, desejos, vontades...

quinta-feira, 10 de março de 2011



Silêncio nas palavras... 


Vontade escrever alguma coisa, qualquer coisa  que conserte os sentidos.Vontade falar alguma coisa que enalteça, cantarolar baixinho e me fantasiar, ousar penetrar nas fendas com toda a profundidade de um amor, qualquer amor. Usar cabelos tolos e unhas coloridas de verde e azul e passear a pé, de mãos dadas em uma inocência infantil. Vontade escrever alguma coisa mais séria que eu, que não tenho seriedade alguma, que minto sempre e ando na extremidade dos nervos, na fronteira de todos os desejos e não tomo nenhuma atitude. Tenho ideias pernas e gestos, todos inúteis, sem cores, sem sons, sem sentido algum, desafinados. Vontade escrever alguma coisa, alguma verdade que transforme, algum milagre...

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Onze trilhões de ossos...

Números, números, espermas e jasmins, línguas e dentes, estamos vivos. Vivos e insanos andando em malas para baixo e para cima. Somos palhaços, mascarados e corremos na corda bamba em um circo de loucos e doentes. Onze trilhões de ossos. Trapézios, ratos e pavões. Argumentos guerras e intrigas. Abstrações e um imenso baú diabólico e mortal na roda dos dias, nas peças do jogo. Onze trilhões de ossos...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Pretos brancos e anões


Somos sempre tão sensíveis e frágeis, pequenos, tão necessários de sois e estrelas, de possibilidades. Somos cores soltas no espaço, miríades, águas-vivas em uma revolução. Qualquer vento mais forte nos derruba nos arrasta... Nos mata! Somos sempre tão sensíveis, tão inseguros, bonitos inteligentes e nada! Tão insignificantes dentro dessa órbita gigantesca, dentro desse universo com milhões de pontos que se mexem, aturdidos pra lá e pra cá, surpreendidos entre partos e pré-natais. Estamos sempre atentos e desorganizados, licenciados e aflitos dentro da massa com a boca aberta, comendo arroz com feijão. Ah! Somos tão insuperáveis, pensamos e vomitamos tragédias diplomas e passes, socos e beijos. Somos todos tão pequenos, omissos e subordinados, pretos brancos e anões. Tentamos pintar sempre o melhor retrato, fazer a melhor tatuagem, dançar, cantar atuar, viver o melhor amor e seguimos enroscados em signos, em saltos, em quedas, envolvidos até o pescoço, em todas as direções

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Um estranho planeta

Aprenderei com você... Aprenderei tudo! Verei cristais em teus olhos, girassóis, madrepérola, turquesa e absinto. Aprenderei a ter calma, comer devagar e suportar a ideia de que somos dois. Dois seres distintos... Mas beijarei sua boca, mansa e leve, em cadencia em malícia. Ouviremos música, comeremos flores e dançaremos sempre, descobriremos o mistério do barro e do lodo de nós. Descobriremos os detalhes dos crimes internos num universo de névoa e fusão. Andaremos nus e atravessaremos todos os limites, todas as ideias, as vontades insensatas. Sóis e estrelas de outros sistemas onde vivem todos os pecados, todos os segredos. Deixaremos rastros para que nos sigam e nos vejam pálidos de amor mergulhados em alma, e por um breve e infinito  momento seremos um estranho planeta, que brilhará no espaço em todas as direções

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mãe, que saudades...



Hoje ouvi uma música de mãe que viveu, que morreu... E em cada verso uma dor, um olhar de visões, de falta, e me lembrei de você. Senti o vazio. Um vazio imenso e agudo como um abismo, cheio de antecedentes e historia de sonhos que queria viver, que vai estar sempre ali profundo e negro como a ausência que você deixou, impregnado dessa atmosfera de falta de mãe. Sofro pelo que não fiz, não dei não falei. Com toda a urgência do mundo tinha pressa de ir, de crescer, de partir, e fui com a impaciência do tempo, em uma inocência que existe sempre em quem é jovem, sem ter me dado conta da importância que você tinha em minha vida. E agora esse vazio impregnando célula por célula,  por toda a extremidade do ser. Sinto-me sufocada, sem palavras em meio a tuas lembranças onde emaranho entre sorrisos e apitos de trens. Sons de vozes. Manchas goteiras e rachaduras na minha memória, você sorri e sinto saudades de mãe, medo e desproteção. Você que andava devagar, que olhava em silêncio. Não existe mais você para que eu me afunde em seus braços, para afugentar essa ausência profunda e obstinada de dentro do peito, enquanto escuto canções e as horas escorrem dentro de mim. Mãe, que saudades...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Deslizes e inação

Cuidar do planeta, peixes e lagartos. Cuidar da casa, dos filhos, estar atenta sempre. Cuidar dos cabelos, das unhas, cuidar de mim. Ter armas secretas para tudo, ter garra e astúcia, ser forte! Existe um universo na minha cabeça onde as luzes às vezes se apagam, e fogem todas as aceitações, todas as artimanhas, tudo vira breu. Profundezas e desordem, outro sistema. Deslizes e inação. Atmosfera carregada. Um gosto de medo que escorre pelo canto da boca. Gosto de terror, de universo complicado cheio de aspirina. Fluidos férteis e círculos, sons vozes, apitos e serpentes. Um fio interminável de loucura, nessa uniformidade limitada de todo o dia. Cuidar da casa dos filhos e de mim... Que excelência!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Um verão tropical
Areia mulheres e franjas. Corpos seminus e o mar batendo areias e sons... E brincam peixes e gaivotas, algas e conchas, estrelas de todos os mares, água viva e seixos, enquanto pessoas andam e correm, e brincam... Nuvens como algodão passeiam no céu, brancas e leves. Um verão tropical, onde tudo se vê. Mulheres e seus colares, e seus anéis, e suas cangas menores que um vagalume. Homens sungas e desejos proeminentes e lúbricos cheirando a prazer esparramam-se ao sol. A vida é um sorriso, uma utopia, uma dádiva e um sonho tão pequeno, tão rápido...
 Viagens e riscos...

Estrelas que caem e se espalham sobre minha cabeça enquanto danço uma dança qualquer. Adivinho mistérios. O mundo sorri dentro de uma feminilidade sã. A vida cheia de uma atmosfera de luzes, perfumes. Um caminho brilhante sob meus pés e um sorriso moleque dentro do corpo. Ando por madrugadas solitárias dançando luas azuis, chupando ostras morangos e mel, orvalhada, escachada e feliz. Mas a noite é comprida e branca com seus cheiros de anis, papoula, feitiços, viagem e riscos...
Segredos

Teias entranhas e pelos que se alastram. Garras que apertam a minha cabeça, cúmplice desse momento de medo, de coisa escondida... Segredo de algum pecado, de algum mistério que guardo com unhas e dentes nas dobras da saia, que não posso contar, e pressinto danos, olhares em algum lugar... Escondo-me. Saio andando questionando, analisando, atravessando trincheiras limites e grutas, espuma plumas e pernas, e corpos... Fico só, e não me acredito mais.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


Corada de gosto e sensações, pássaros na cabeça e a lua nos pés. Rendado de folhas e jasmins num ar de uma tarde de estio. Cumplicidade grave numa força interna e aguda, e a certeza de que você chegará. Como raiz de toda a beleza, para além de todas as coisas
 
O silencio grita na minha frente curioso e aflito. Não quero falar à ninguém. Não sinto vontades... Quero ficar quieta, sossegada. Escutando apenas sussurros internos ... Singelos, de calmos reversos
Vou te amar como magia, como o orvalho na boca de todas as manhas, a beijar as flores


Ninguém a não ser você, é responsável pela sua felicidade.



É humanamente impossível alguém que não se ama, não se respeita, não se admira, amar alguém, respeitar alguém.


Como doar aquilo que não se tem...
Temos que nos permitir no mínimo sentir, pulsar, mostrar que sentimos, pra que valha a pena vivermos. Sentir a plena intensidade da dor, da respiração, da paixão, do amor, do ardor, do tesão de estarmos plenos de luz. Recebermos a vida de peito aberto, como quem recebe o sopro de Deus, escancarados para todas as suas manifestações, e seremos fortes, seguros, íntegros, serenos, felizes... E mais, muito mais humanos
São versos desmemoriados, loucura, ausência... Sonhos sucessivos que em algum momento sublimou.
Acredito-me sempre, como complemento de uma ópera divina, onde todas as sinfonias são regidas pelo amor incondicional, que liberta que ampara que fortalece e purifica na totalidade do ser
Porque parar entre a sede e o pote... Para que chorar perdas e danos... Sentir apenas os golpes, as pragas, as dores da vida, se os olhos sabem flertar... Se as palavras escrevem e sabem sorrir infinitas fitas azuis.
Para o dia nascer feliz..


O amor está latente dentro de cada um de nós, interiorizado. Abra a boca, os braços, à alma, exteriorize esse gigante que habita em cada coração. Abra as asas e voe no Divino que existe em cada ser, em cada respiração, em cada gesto em cada olhar... E sorria, sorria muito, sorria sempre e estenda as mãos ao seu próximo, há sempre alguém precisando de um carinho, de atenção de uma palavra ou apenas um olhar solidário... E se sentirá conectado a cada segundo com o universo, com o amor de Deus, com a vida!!!!

Espelhos e gaivotas, agonia e silênçio na noite espalhada e impertinente a desfraldar mistérios dos rios, das pedras, das margens, na extensão dos instantes, quando me sinto só.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Saio de cena, fico escondida sempre com a boca trancada e essa racionalidade espremida, contida, medida, sacudida que descobri custa caro, muito caro e eu não ando podendo pagar...
 Fui fui fui... Fui sempre em frente sem tempo para olhar para traz, ou para frente, seguindo o fluxo, inspirada sempre a um caminho melhor, ou maior, mal sabia que estava apenas dando voltas... Apenas dando voltas...
Diante da minha janela, cena viva, cena urbana. Pessoas caminham diante dos meus olhos, vem e vão agitadas como o vento, rápidas e coloridas de baixo de um sol brihante de verão que salta pra dentro da minha janela invasivo. Sorrio, talvez por ter conciência da dádiva e penso que a vida é mágica, é música, é sol, é encantamento, é cor e poesia, poesia, poesia....
Vai poesia... Leva-me hoje por onde for, como pensamentos meus. Fiz-te mulher de silêncio grave, que seduz... De ascendência, vibrações e amanhas. De planetas, de cometas e anéis, carregada de alma e de todo o meu lirismo

 Seguir em frente, é o que nos salva, nos liberta. Ver a vida de uma forma mais simples, e não nos cobrar demais, nos perdoar pelos erros, pelos medos. Não cobrar das pessoas o que não conseguimos nos dar. Simplificar, sempre!
Intensidade, intensidade! Sempre com toda intensidade! É a forma melhor de sentir, de viver. Tomar, gastar, amar, se dar, ir sempre até o fundo de todas as questões, mergulhar em abismos e voar... Assim tudo que é pouco vira tanto, vira louco, e com sorte, até eterno!
Tropeços, alucinação, terra molhada, pitanga, jabuticaba, buriti, vermelho, encanto que desbrava, fúria, força, água do mar, gozo, conflitos, desejos, seixos, raízes, espelhos e incandecencias, mistérios e tesão a desandar de nós, que somos apenas... Paixão!
Vermelho



O moço morreu só... Foi encontrado assim caído, assim meio de lado, mais ou menos revirado, em meio à última aflição. O moço morreu cansado, um pouco desesperado... Tateando o interfone, tentando gritar alguém. Não conseguiu... O homem morreu só, num acesso de tosse. Vomitou o pulmão!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Ah! Eu como estrelas, bebo sóis, viajo luas e ando salgada de mar. Tenho um arco-íris entranhado na barriga, e uma fauna no olhar. Adoro andar nua dentro de roupas bem femininas, e nascer mulher... Foi meu momento maior!
Não me contaram que o sol iria se por tão rápido, e a noite desceria com seu negrume enclausurando flores, espalhando silencio e medo. Um medo de véspera, de expectativas, meio negro, difuso e real. Nem me falaram que o tempo passa veloz como um lince, deixando marcas pesadas e riscos, numa corrida inevitável. O tempo, senhor de todas as questões te atropela, e é inútil se esconder atrás de cercas e cavernas. Vigia num vazio estúpido e infinito, e te encontra antes que te de contas, antes que pense o que podia ser, e não foi. Por tudo isso, por esse microscópio destino, decidi ser cômica em todos os detalhes, sorrir, brincar, cantar e ser feliz . Desafiar todos os limites possiveis. Viver todo sentimento, todas as vontades, todos os desejos, como se fosse o último. Plantar flores e versos na alma e voar como pássaro, como borboleta, até a insensatez...
Para que eu quero descer!



Ah! Não espere de mim o que não sou, o que não posso dar... Acho meio ridículo esperar que eu me comporte como uma velha, nessa altura da minha vida. A caminho do fim? Chega, basta, esta bom? Não pra mim! Não seria eu dentro de todos os meus desajustes, e desse calor úmido que emerge do ventre. Disciplina que não possuo, que cheira suave e impessoal, despersonalizada, presa entre gestos e palavras. Não posso emanar fluidos invisíveis de serenidade que não possuo, ser vítima, com um olhar inclinado e triste, quebrar espelhos pra não me ver mais, compor um sorriso triste. Ah, não me peça o que não posso dar... O facho da vida é poderoso demais!

Perdi a sedução dentro de alguma gaveta, nas dobras de algum vestido...
Cheia de atalhos, ações, junções e desdobramentos. Mergulho num mar esparramando sonhos e algumas idéias. Inundo lagos, resseco bocas, molho, vou e volto. Entro e saio cheia de intenções, de claridade. Subterrâneos ocultos onde brotam versos... E as dores

Sou prosa e verso
Me defino assim


Pra que saber de mim?
Tem coisas tão mais importantes.
Me defino nas entrelinhas
É só me ler... Pra que saber mais...
já é tudo... E tanto!
 Estou sempre em construção.



Até chegar o dia de partir


E ser uma obra compléta!
 "Eu escrevo na esperança de que o que eu escrevo altere alguma coisa, por que sei que altera. Somos passíveis a desnudamentos da alma humana. No fundo você sonha com um mundo melhor, mais feliz. Sonha em mostrar às pessoas que é possível... Que vale a pena acreditar. Que somos fortes, fracos, repletos e nescessários, de um modo ou de outro..."
O homem na rua...



Amargo como fel em palavras duras e macias... Bebestes da agua amarga em dias sem sol. Comestes maças sem sabor em dias enclausurados de dor. Impotências, medos e cismas. Insegurança vil devastando gentilezas e possibilidades de paz. Veneno que mata devagar e sorrindo a olhar arranha-céus em preto e branco. Entesourando todas as cores.