Uma dessas palavras nuas chama-se Mara Araujo

Cana Brava

Cavalgar em cavalo bravo, nua em pelo. Esta fome de mulher da vida, de dama da noite que nunca fui, nunca supri. Uma vontade de ser puta... Beber em todos os bares um uísque caubói, daqueles que descem rasgando, queimando tudo por dentro. Beber todos os líquidos engolir e beijar. Dançar em cabarés, em bordéis só de calcinha e ceder. Ceder tudo com um sangue grosso, vermelho de vontade, doce como manga melada que chupo que esfrego nas mãos, nos dedos, no ventre. Expor o corpo e uma geometria de carnes onde os seios apontam bocas famintas, gulosas, línguas molhadas que babam febre. Ondulam de manso deslizando atitudes de pressa que o corpo atiça, provoca e adia, leviana e má. Uma paixão que encharca o corpo, de um sal agreste que junta que mete que trepa aranhas paredes e crimes. Cana brava, veias, serpentes, raízes, lagarto, ervas e uvas mordendo tapetes, mãos e um desejo doente de malícia. Um corpo cheio de olhos, de aflição, de cheiro forte, com um gosto louco de carne, de ficar doendo a desbravar pele pelos ossos e marcas. O corpo... O meu corpo, que raça que ele tem, quebrando tudo com risadas... Uma vontade de ser puta, cavalgar cavalo bravo...