Charco
Hoje eu não estou. Finjo que durmo, que sou invisível, e me escondo atrás dos muros que protegem a casa. Fecho a boca, os olhos, os braços e os sonhos, fujo dos espelhos, das pessoas, do muito próximo. Não quero me ver, nem ouvir. Fico quieta, numa intimidade de sombra, cheia de marcas, de pés, de mãos, impregnada de estigmas, de espera, na raiz, nos charcos, nas extremidades do fundo da alma, onde muitas vezes me esqueço quem sou. Sempre a espera de alguma coisa que precisa acontecer, e nem sei o que é, mas espero, cheia de drama, de fuga, de desleixo e algumas alquimias que trago, escondida nas fendas das paredes, nos vãos das portas, e que nem sei mais usar, esquecida de quem sou. Taturanas, lagartixas, aranhas e vozes, passeiam pela casa enquanto grito silêncio. Não adianta me chamar, sacudir, empurrar, eu não estou! não sou... Não sei onde me esqueci, onde me larguei dentro dessa individualidade que não protege e agride. Quero silêncio, alguma chuva, uma lembrança, uma paz pra descansar, um alento, um sono profundo...
Hoje eu não estou. Finjo que durmo, que sou invisível, e me escondo atrás dos muros que protegem a casa. Fecho a boca, os olhos, os braços e os sonhos, fujo dos espelhos, das pessoas, do muito próximo. Não quero me ver, nem ouvir. Fico quieta, numa intimidade de sombra, cheia de marcas, de pés, de mãos, impregnada de estigmas, de espera, na raiz, nos charcos, nas extremidades do fundo da alma, onde muitas vezes me esqueço quem sou. Sempre a espera de alguma coisa que precisa acontecer, e nem sei o que é, mas espero, cheia de drama, de fuga, de desleixo e algumas alquimias que trago, escondida nas fendas das paredes, nos vãos das portas, e que nem sei mais usar, esquecida de quem sou. Taturanas, lagartixas, aranhas e vozes, passeiam pela casa enquanto grito silêncio. Não adianta me chamar, sacudir, empurrar, eu não estou! não sou... Não sei onde me esqueci, onde me larguei dentro dessa individualidade que não protege e agride. Quero silêncio, alguma chuva, uma lembrança, uma paz pra descansar, um alento, um sono profundo...
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