Desamarra-me
Liberta-me do caos existencial de ser eu. Expurga-me o profano que agita e não se aquieta. Desamarra-me os laços intencionais das caras e bocas. Mascaras pobres que me escondem o rosto e não me protegem de mim, que me acabo que me mato, nessa tangência incomoda de ir, ir, apenas ir pra algum lugar, pra qualquer lugar que me esconda, recolha nos braços e me reanime do cansaço de ser, de estar esgotada de mim, que me enfrento... Desamarra-me desse desequilíbrio real, da ilusão de ser, pra descobrir-me nada! Ínfima partícula controversa de nada, onde falo de tantas cores e me engano em preto e branco o tempo todo. Onde falo de magia e me debato entre mim e eu... Dentro de cercas amarrada a mim e as minhas historias, confusas e metafísicas, a arrastar estações sem sair do lugar. Amarrada a corais, a correntes e a todo o tipo de coisas, de limite interior e nostalgia. Coisas que vivi, sempre escorregadia, me escondendo atrás dos armários, dos muros, dos espelhos, do medo de ser. Cheia de longitude, de extremos e contrastes, parindo bruxas e dragões. Ah, por Deus... Desamarra-me
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