... É só clicar no titulo do Blog, ( Em casa de poeta, o importante é sonhar!) que ele disponibiliza todo o conteúdo. Eu, acho que vale a pena. Acho também que a troca seria perfeita se deixassem um comentário, eu adoraria! Mara Araujo





terça-feira, 26 de agosto de 2008


Uma doce rude menina

Em um dia frágil de comoções e cinzento, descobri nos olhos de uma menina, uma imensa fortaleza banhada por raios de sol. Cabelos e pernas compridas. Olhar grande de alguma fome carregada em dez longos anos, de existência viajante. Já era velha a doce e rude menina! Que a tudo observava pensadora sem se integrar, adequada.Dias miseráveis, misteriosos e excitantes em noites de aberrações, entre pais e irmãos seduzida. Seus olhos negavam alguma dor, alguma fome, algum medo. Negavam a miséria escondida entre páginas e letras devoradas, de um livro qualquer largados em algum lugar. E envelhecia a menina em filas pedintes de mil irmãos. Sonhando qualquer lugar que não fosse, aquela casa, aquela roça, aquela cidade, aquele pai...Muitas vezes ao passar ouvia a menina a cantar. Talvez cantasse pra não pensar, ou cantasse para enganar e não mostrar pensamentos, com as unhas pretas de carvão. Escondidos pensamentos a dançar na imensidão da lua cheia. Prendiam a menina em um casulo de portas fechadas com medo que ela batesse as asas, os dentes a língua os braços. Mas um dia ela falou, e a todos amedrontou. Ergueu asas, bateu asas, e descobriu que não aprendera a voar. E caiu, levantou e sangrou se sujou, se psico-analisou... E em um dia que parecia tarde demais, a menina voou. Liberta, limpa, inteira, e me segredou bem baixinho que o processo se inverteu, que nunca houve uma menina. Ela nasceu mulher! E que agora é que era uma menina...

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