Oculto
Estou com medo estou só. A maré esta baixa. O mar se acalmou e essa sensação contraria dentro de mim. O pânico me transforma. Sinto medo de colocar no papel minha impressões. Medo que se materializem. Minha cabeça doí, e sinto subir do meu estômago, passando pelo meu peito uma dor que não é dor. E o nó na garganta que não sai. Enjoo e o vômito não vem. Sinto que vou sufocar, respiro mais forte. As vezes corro pra não sucumbir. Perco as forças e deslizo para um buraco escuro. Meu corpo esta pesado. Carrego o peso de meus medos. Aberrações impostas ao sub consciente que pode vir a tona a qualquer momento. Carrego peso de mil passados, mil pessoas que partiram. Não confio mais em ninguém. Perdi a esperança e choro muito. Descobri a essência do ser humano e choro muito. Tenho na cabeça aspectos de abandono, mortes, subornos e traições. Sinto dores hostis.Estou só e vejo a vida colorida da televisão. Onde se esconderam todos, minha forças meus desejos, sonhos e ilusões? Escuto um barulho la fora. Alguém esta lavando um quintal, e esse barulho da vassoura na agua me incomoda esfregando o chão. Não sinto mais vontades e escorro para o medo, para a vala como agua suja. Não sinto fome e esqueci de sorrir. Tudo em mim se transformou apenas em articulação. Minhas expressão é de silencio. Estado de alma execrável na sucessão dos acontecimentos. Não estou pra ninguém. Não quero falar. Falar o que, pra que, porque? Estou trancada olhando raios de sol que entram pelas frestas da janela. Fecho a cortina tranco a porta. Estou presa. As flores passaram. Me sinto sem forças com medo de enlouquecer. O barulho dos carros la fora me aflige. Silencio. Quero silencio para esse meu mundo interior. Quero ficar só, quieta fechada nesse ostracismo.Sinto medo, não quero falar nem explicar nada, porque não entendo. Não há o que dizer. O que era precioso sucumbiu. Não confio mais na catarse, com momentos admiráveis não sonho mais. Se esvaeceram. Estou vazia, flácida e seca. Me sinto rastejar em meio a uma gósma esverdeada. Não sinto fome sinto dores na alma, dores latentes. Criei fantasias e sonhos e estou só estupidamente só e frágil. Formigas aranhas e sujeira que não consigo limpar. Não importo mais com o feio e o bonito. Tudo é fugaz. Estou inerte e lúcida neste labirinto de infindáveis dias letárgicos, mudos dramáticos e sem complacência. vozes entram pelos tijolos atravessam o cimento da parede do meu quarto. Vozes saudáveis e sorrisos. Vou para debaixo da cama, não confio mais. Deslizo para o meu buraco escuro e fecho os ouvidos, as narinas a boca os sentidos. Não escuto mais. Sinto que estou pálida fria e pesada, mas fico atenta. Tento dormir para sonhar. Sonhar com o vento batendo no rosto corado de sol, vermelho de risadas rasgadas largadas. Sonhar com flores e amores que excediam ao normal, ao casual. Quero sonhar com hibíscos e girassóis; Beijo de filhos abraços apertados e brincadeiras. Sem ter nada de oculto, de secreto. Transparência e liberdade. Quero sonhar com banho de cachoeira barulho de rio; Pássaros borboletas, Angra Búzios Parati e Guarapari comendo peixe no calçadão. passeio de escuna, sorriso de crianças; Colibris beija-flor e sabias.
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