Uma dessas palavras nuas chama-se Mara Araujo

Metáforas

Sinto já à dias uma necessidade cada vez mais compulsiva. Alguma coisa que empurra me arrasta mas como... Começo ah! Quem dera? Não quero meio não a de ter fim. Ando flutuando por ai em meio aos meus pensamentos. Com o corpo cada vez mais leve mais livre desimpedido. O meu cérebro pensa e pensa. Me enterneço. Me excito. Fecho os olhos e me aconchego em mim. Sinto a minha carne meus nervos meus ossos. Me comprimo. Sinto um imenso carinho. Mergulho dentro de mim escorregadia delgada quente capaz. Vou devagar retirando pedras de dentro de mim. Entro e saio entro e saio. Por vezes me sufoco em meio a armadilhas em meio a raízes que cresceram dentro de mim. Ai saio cortando mordendo me debatendo. As vezes choro tanto de medo de não conseguir mas me levanto e existe tanta dor nesta saída neste levantar que me curva. Meu corpo é frágil pequeno pode morrer a qualquer instante. Mas não deixo não posso deixar. Nada me deterá. Então me faço forte dura como aço prata ouro pedra madeira de lei. Me transformo em índio escravo negro! Me incorporam todos os seres todos os deuses e luto molhado cansado salgado feito agua de mar virado. Olho pelos meus dias passados réso pelos meus dias futuros e ajoelho hoje diante de mim. Vejo Deus acordando com cara de sono se espreguiçando dentro de mim Se esticando e me estica e abre a boca junto a minha geme o meu gemido é o meu corpo que acorda. Os meus braços que esticam... Me perco em pensamentos com a caneta na boca... Entendo a cruz. Os pregos nas mãos. As feridas no corpo e a ressurreição. Entendo tudo. Metáforas...