Mulher, há muito te deixei fugir... Não sei quanto tempo faz, mas há muito que não te vejo. Não foi justo te deixar ir embora assim, levando consigo teu romantismo, de beira de cais, teus dengos todos intencionados, das mais puras as mais perdidas intenções. Não é justo te deixar levar levar contigo, o sorriso matreiro rasgado e a mesma obstinação. Mulher de cais, de rara beleza há muito que não te sinto, mais sei que continuas viva, com a mesma fome, o mesmo medo, o mesmo desespero que me causas, que é assim incontido, por te saber tão lá dentro e não poder te ver. Sem poder olhar seu olhar de cio, com brilho de bicho querendo atacar. Que me tenta a tudo, com o riso molhado, sonhos antigos mais já tão presentes. Desde há muito que não te vejo, não te sinto o ar, não te vejo as pernas, a carne. Não te sinto o cheiro de vida, de cama, de corpo cansado. Mas te adivinho os sentidos mulher. Porque você não volta, se lança. se joga diante de mim? Cúmplice de todo desespero, de todas as vontades? Quero sentir o cheiro. Quero te sentir o corpo, te sentir chegar, com as pernas, os nervos, os vasos sanguíneos, com as mesmas tolas e desmedidas intenções.. Com o mesmo riso faceiro, a mesma fúria no olhar,. Desde há muito que não te vejo, mas sei que continuas viva morrendo de medo num canto acuada dentro de mim.
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