Só possuo pensamentos que diria, profundos e complexos. Nunca convivi com intelectuais. Vivemos em mundos totalmente diversos. Trabalhei à muitos anos atrás com um amigo, artista plástico, que havia tido seus tempos de fama e gloria no governo GetúlioVargas. Era também jornalista, ou ao menos se dizia ser. Na época que o conheci, já meio decadente, ainda tentava manter o estilo dentro do seu Landau preto e um longo e inibidor olhar de superioridade. Conversávamos muito, o que sempre me enchia de orgulho. Era um homem fascinante, intrigante, dentro dos seus 65 anos e desprendida tolerância em gostar de mim. Achava maravilhoso quando ele lia fascinado um poema que eu havia escrito. Dizia sempre que eu era auto-didata, que tinha um dom nato! Ele me fazia escrever, cobrava, estimulava e dizia que iríamos editar um livro. O Mário morreu, e parei de escrever. Fui cuidar da vida, fazer amor e nenens. Os bebes cresceram e agora meio que vulnerável me vem essa compulsão de escrever de novo. Escrever o habitual, o esbaforido que absorvi, nesta louca tentativa de escrever o destino. Sou escandalosamente passional. Minhas lembranças vividas, muitas por sobrevivência aprendi à esquecer, mas tem umas danadinhas que viram estigmas, ai não da, fica difícil! Mas foram exatamente essas, que muitas vezes me jogavam no divã de algum psicanalista. Um terapeuta pelo amor de Deus... Sempre mulheres (carência de mãe, alter ego, sei lá.) Sempre achava que um analista homem iria se apaixonar por mim! Sempre mulheres, as vezes mais loucas que eu, mas uma e outra maravilhosa que quase me mataram! Conseguiram extrair destroços, caos, dores, feridas sangrentas e lágrimas. Meu Deus, quantas lágrimas no divã... Leio muito desde os 6 anos, mas não consigo guardar nunca os nomes dos livros e autores que li, raríssimas ecessões. Adoro escrever, gostaria de ser lida, ouvida, gostada, querida, reconhecida, nem uma vaidade... Todas as vaidades de mim por mim (minha neta diz que quem fala "mim" é índio.) E agora? Mas esquecendo Júlia, as vezes nem eu me entendo bem. Escrever me acalma a alma, rimou! Não gosto de rimas. Gosto de escrever sobre a vida, sobre sentimentos do ser humano que cada vez salta mais aos olhos. Rimas pra mim é técnica, "até parece que entendo!" Tudo bem, posso não saber mas sinto que rimas fogem mais rápido aos sentimentos, ao menos dos meus. Adoro poesia, adoraria viver na época de Augusto dos Anjos, Mas acho que não seria bom. É que apesar de meio mórbido tinha muita tuberculose. Me largue aqui!! Como já disse, amo poesia, fazer poesias. Nelas me largo, me solto. São floridas coloridas, dramáticas, passionais. Tem cheiro, desespero, frutas, pássaros, e sons, me escorrem pelos dedos, até gosto tem. Gemidos, borboletas, água, sal, mar, cachoeiras e beija flor. Nossa! Na poesia você pode brincar, cantar, dançar, conviver com duendes, ninfas e faunos. Acho-a de uma seriedade ímpar. Paradoxal? Seriedade e brincadeira? Ela me excita, me faz sorrir, me faz feliz. Ouvi dias atrás um maestro, que pena, não me lembro o nome dele. Mas que tem um projeto maravilhoso e emocionante. Ensina música para crianças carentes. Ele dizia que a música tinha disciplina, integridade, dignidade. Me fez ver um lado da música que não conhecia, e achei lindo! achei o maestro limpo, digno, íntegro por amar a música. Esta música que me transporta e que amo também. Senti no momento da entrevista que amo tanto escrever, como o maestro ama a música. Adoro viajar, me sinto feliz vendo paisagens, pessoas, lugares nunca vistos, hábitos diferentes. Um dia desses fui a São Lourenço. Viagem rápida, tinha reunião no colégio do Gustavo as 17:30. Sentimento de culpa à flor da pele, mas deu tempo de pegar mais da metade da reunião. Neste dia em São Lourenço, me pegava as vezes parada olhando para as pessoas. Culturas diferentes, mas somos tão iguais. Ficava olhando e pensando nessa igualdade. Imaginando alegrias sofrimentos, ouvindo o que elas falavam. Rostos sorrindo, sérios, cabisbaixos, andares lentos, apressados comedidos. Sinto-me as vezes desesperada tentando sugar o passado, o presente das pessoas. Penso no futuro, imagino-as no seu dia a dia. Via mães arrastando filhos, filhos arrastando pais que se arrastavam, numa lentidão comprida e angustiante. Olhava a pele, a roupa, o jeito, trejeitos, olhares e cheiros. O ser humano me fascina, me embriaga. Vivo cada um deles tão intensamente que por vezes me amedronta. Muitas vezes choro, ouvindo ou olhando certas pessoas, suas vidas, suas historias, fantasmas e fantasias Os sonhos me emocionam. Não sei quem são, mas por vezes são tão resignados dentro de suas tragédias, seus desejos, que me entristecem. O ser humano é um enigma que passa a vida toda tentando se decifrar e não consegue. Acho isso fascinante, e ao mesmo tempo triste e penso que somos apenas pacificadores. Apenas momento!
Sonhar, ter fé e acreditar que ainda há esperança, neste país onde a violência, CPIs, impostos, foro privilegiado, e bocas famintas invadem a nossa casa nos jornais do dia dia. Sonhar em meio a legislações obsoletas,desemprego e muita fome. Completa instabilidade social, onde pessoas matam, roubam impunes diante das nossas caras impotentes de medo sem ter a quem recorrer, e lembrei-me de uma frase,"Quando a vida nos violentar pela simples razão de ser, eu me imporei sonhar!" (mara araujo)
... É só clicar no titulo do Blog, ( Em casa de poeta, o importante é sonhar!) que ele disponibiliza todo o conteúdo. Eu, acho que vale a pena. Acho também que a troca seria perfeita se deixassem um comentário, eu adoraria! Mara Araujo
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Poesias nascem das flores...
Só possuo pensamentos que diria, profundos e complexos. Nunca convivi com intelectuais. Vivemos em mundos totalmente diversos. Trabalhei à muitos anos atrás com um amigo, artista plástico, que havia tido seus tempos de fama e gloria no governo GetúlioVargas. Era também jornalista, ou ao menos se dizia ser. Na época que o conheci, já meio decadente, ainda tentava manter o estilo dentro do seu Landau preto e um longo e inibidor olhar de superioridade. Conversávamos muito, o que sempre me enchia de orgulho. Era um homem fascinante, intrigante, dentro dos seus 65 anos e desprendida tolerância em gostar de mim. Achava maravilhoso quando ele lia fascinado um poema que eu havia escrito. Dizia sempre que eu era auto-didata, que tinha um dom nato! Ele me fazia escrever, cobrava, estimulava e dizia que iríamos editar um livro. O Mário morreu, e parei de escrever. Fui cuidar da vida, fazer amor e nenens. Os bebes cresceram e agora meio que vulnerável me vem essa compulsão de escrever de novo. Escrever o habitual, o esbaforido que absorvi, nesta louca tentativa de escrever o destino. Sou escandalosamente passional. Minhas lembranças vividas, muitas por sobrevivência aprendi à esquecer, mas tem umas danadinhas que viram estigmas, ai não da, fica difícil! Mas foram exatamente essas, que muitas vezes me jogavam no divã de algum psicanalista. Um terapeuta pelo amor de Deus... Sempre mulheres (carência de mãe, alter ego, sei lá.) Sempre achava que um analista homem iria se apaixonar por mim! Sempre mulheres, as vezes mais loucas que eu, mas uma e outra maravilhosa que quase me mataram! Conseguiram extrair destroços, caos, dores, feridas sangrentas e lágrimas. Meu Deus, quantas lágrimas no divã... Leio muito desde os 6 anos, mas não consigo guardar nunca os nomes dos livros e autores que li, raríssimas ecessões. Adoro escrever, gostaria de ser lida, ouvida, gostada, querida, reconhecida, nem uma vaidade... Todas as vaidades de mim por mim (minha neta diz que quem fala "mim" é índio.) E agora? Mas esquecendo Júlia, as vezes nem eu me entendo bem. Escrever me acalma a alma, rimou! Não gosto de rimas. Gosto de escrever sobre a vida, sobre sentimentos do ser humano que cada vez salta mais aos olhos. Rimas pra mim é técnica, "até parece que entendo!" Tudo bem, posso não saber mas sinto que rimas fogem mais rápido aos sentimentos, ao menos dos meus. Adoro poesia, adoraria viver na época de Augusto dos Anjos, Mas acho que não seria bom. É que apesar de meio mórbido tinha muita tuberculose. Me largue aqui!! Como já disse, amo poesia, fazer poesias. Nelas me largo, me solto. São floridas coloridas, dramáticas, passionais. Tem cheiro, desespero, frutas, pássaros, e sons, me escorrem pelos dedos, até gosto tem. Gemidos, borboletas, água, sal, mar, cachoeiras e beija flor. Nossa! Na poesia você pode brincar, cantar, dançar, conviver com duendes, ninfas e faunos. Acho-a de uma seriedade ímpar. Paradoxal? Seriedade e brincadeira? Ela me excita, me faz sorrir, me faz feliz. Ouvi dias atrás um maestro, que pena, não me lembro o nome dele. Mas que tem um projeto maravilhoso e emocionante. Ensina música para crianças carentes. Ele dizia que a música tinha disciplina, integridade, dignidade. Me fez ver um lado da música que não conhecia, e achei lindo! achei o maestro limpo, digno, íntegro por amar a música. Esta música que me transporta e que amo também. Senti no momento da entrevista que amo tanto escrever, como o maestro ama a música. Adoro viajar, me sinto feliz vendo paisagens, pessoas, lugares nunca vistos, hábitos diferentes. Um dia desses fui a São Lourenço. Viagem rápida, tinha reunião no colégio do Gustavo as 17:30. Sentimento de culpa à flor da pele, mas deu tempo de pegar mais da metade da reunião. Neste dia em São Lourenço, me pegava as vezes parada olhando para as pessoas. Culturas diferentes, mas somos tão iguais. Ficava olhando e pensando nessa igualdade. Imaginando alegrias sofrimentos, ouvindo o que elas falavam. Rostos sorrindo, sérios, cabisbaixos, andares lentos, apressados comedidos. Sinto-me as vezes desesperada tentando sugar o passado, o presente das pessoas. Penso no futuro, imagino-as no seu dia a dia. Via mães arrastando filhos, filhos arrastando pais que se arrastavam, numa lentidão comprida e angustiante. Olhava a pele, a roupa, o jeito, trejeitos, olhares e cheiros. O ser humano me fascina, me embriaga. Vivo cada um deles tão intensamente que por vezes me amedronta. Muitas vezes choro, ouvindo ou olhando certas pessoas, suas vidas, suas historias, fantasmas e fantasias Os sonhos me emocionam. Não sei quem são, mas por vezes são tão resignados dentro de suas tragédias, seus desejos, que me entristecem. O ser humano é um enigma que passa a vida toda tentando se decifrar e não consegue. Acho isso fascinante, e ao mesmo tempo triste e penso que somos apenas pacificadores. Apenas momento!
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