Se...
Se não estivesse sempre correndo, o sol claro de inicio de primavera me faria pensar que todo dia é um novo dia, um recomeço proclamando novas necessidades, novas aventuras, novas escolhas, e é sempre mais um dia pra ser feliz. Se não estivesse sempre tão ocupada em ter que trabalhar em ter que lutar sobreviver, eu iria à praia caminhar, sentir o sol, o céu azul, o ar suave como braços que envolvem que acariciam, e não sentiria tantas saudades da juventude, da inconsequência, da ânsia desenfreada de fazer tudo ao mesmo tempo como se fosse morrer. Da urgência, por ódio ou por amor. Uma esponja com antenas. Tempo em que tinha estrelas nos olhos, um cheiro de fruta fresca e um sol de meio dia no rosto de pleno verão. E agora ainda correndo, esse hiato entre o que fui e o que sou esse cansaço, esse ar de fim de tarde e a perspectiva de apenas sobreviver. O corpo se encostando, as mãos indolentes como preguiça, a boca os braços e o resto... Presságios, mergulho de alma, coisas mais interiores, mais escondidas mais previsíveis, onde o presente atravessa limites com mãos ávidas e úmidas, rápidas demais onde permaneço buscando respostas e caindo sempre em cima de escolhas impensadas, e penso que não há volta ,que perco tempo e que estaria cansada demais caso houvesse. Ah, se eu fosse, se eu fizesse, se eu pudesse... Se não estivesse sempre correndo tanto, iria ver o mar e desenharia na areia algum pecado que falta fazer, (porque sei que existem alguns) alguma historia alguns amores vividos e alguns que preciso viver. Se não estivesse sempre tão ocupada tendo que trabalhar e correndo e correndo, teria tempo de sorrir, andaria na praia descalça e liberta, olharia pra lua sem ficar sempre tentando entender os segredos do grande mistério. Se eu não estivesse sempre correndo...
Sonhar, ter fé e acreditar que ainda há esperança, neste país onde a violência, CPIs, impostos, foro privilegiado, e bocas famintas invadem a nossa casa nos jornais do dia dia. Sonhar em meio a legislações obsoletas,desemprego e muita fome. Completa instabilidade social, onde pessoas matam, roubam impunes diante das nossas caras impotentes de medo sem ter a quem recorrer, e lembrei-me de uma frase,"Quando a vida nos violentar pela simples razão de ser, eu me imporei sonhar!" (mara araujo)
... É só clicar no titulo do Blog, ( Em casa de poeta, o importante é sonhar!) que ele disponibiliza todo o conteúdo. Eu, acho que vale a pena. Acho também que a troca seria perfeita se deixassem um comentário, eu adoraria! Mara Araujo
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