... É só clicar no titulo do Blog, ( Em casa de poeta, o importante é sonhar!) que ele disponibiliza todo o conteúdo. Eu, acho que vale a pena. Acho também que a troca seria perfeita se deixassem um comentário, eu adoraria! Mara Araujo





segunda-feira, 5 de julho de 2010

Como quem chora...

Raios de sol espalham-se pelo quarto cúmplice desse momento de medo de abandono e solidão onde borboletas não voam mais. Algo invisível levou sua mente e me olham dois olhos de espanto profundos e estreitos querendo saber quem sou, sem direções nem buscas especiais. Procuram uma lucidez que vai e vem e o obriga a esse silencio dentro vivo, que se esmaga nos lençóis. Uma sensação de medo, de desamparo que parecem cercas e o encurrala nas paredes do quarto em um mundo gelado só seu, enquanto fico me questionado se essa sua retirada não foi uma estratégia, um plano de fuga dos tempos, dos raios, dos caminhos árduos, mistérios, ameaças. Fugistes como mágica como feitiço, talvez em uma sabedoria que não alcanço, sem culpa nem maldade levando dentro de você suas historias confusas e alguma abnegação. Seu jeito de me acalmar sorrindo, seu costume de mandar flores pra casa ao meio dia de um dia qualquer e me fazer sorrir. Prender-me sob os lençóis escorregando preguiçoso como quem brinca e sorrir, encantado como quem ama. Alguma coisa levou sua mente, seus segredos e a parte de mim que te cabia, e fico te olhando frágil, sentado na cama com jeito de mistério de quem tem parte com o mar. Caminha por labirintos submersos que te giram na cabeça em direção à noite, como uma floresta silenciosa enquanto eu me pergunto que espécie de doença, de fantasma te tirou de mim, que fuga, que memoria ainda tem? Caminho fazendo parte do teu silencio carregando correntes oceânicas, buscando fios, gestos vestígios, algum sinal, indícios que me reconheça e sinto medo da vida tentando entender quem sou, dentro do absurdo de estar só, desse traço inconfundível da realidade que nos cerca do mistério... Sempre condicionada a pensar, a essa maldita racionalidade caótica, a rotina e a toda essa sujeira, a todas as danças,  ao silencio a dor e a essa covardia emaranhada em teias e em promessas de viagens de tratos, antes da partida, do mergulho... E recaem à mim, que tenho medo

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