Agosto
Expectativa e ansiedade a evocar fantasmas que criei. Vento áspero, ferino cortante nesses dias de Agosto, onde acho que tudo que fiz foi de menos valia. Um nada cruel, num ato de banditismo. Palavras, palavras, palavras sem um ato definido, nessa corrida insana de sobrevivência chula, indo e vindo para nada, presa em teias, em signos, mimetismo de espalhafatosa desordem. Sanguínea, passional, extravagante. Sinto que me perdi dentro de um ato, um fato que não se consumou e que não consigo lembrar, nessa precisão continua de deletar o medo, a dor e o espanto pra fora do peito. Aspirações geneticamente absurdas, irrealizáveis. Hoje é o amanha que me cai na cabeça como um tufão, inspirado a me virar pelo avesso, em uma lucidez que desconserta e desonra todas as regras abstratas que criei. Deslizes e profundezas. Estou exausta de expectativas vãs, de ser a atriz principal das peças que escrevo, numa compulsão de entranhas expostas e de morte. Sempre cheia de contradições, de saltos nos sapatos, atitudes complicadas, pra simular o que não sou, não fui e nunca serei. Aromas, sândalos, pássaros, plumas... E essa maldita lucidez impaciente, gritando fluindo de dentro da minha cabeça. Vento áspero, cortante, ferino...
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