... É só clicar no titulo do Blog, ( Em casa de poeta, o importante é sonhar!) que ele disponibiliza todo o conteúdo. Eu, acho que vale a pena. Acho também que a troca seria perfeita se deixassem um comentário, eu adoraria! Mara Araujo





segunda-feira, 11 de maio de 2009


Questões maternais

Estou amarga como fel nesse dia doce e de cordões umbilicais. Estava imune até descer à rua para ir trabalhar e ver... Um lastro de flores andando nas ruas e calçadas, saltitantes, jogando ao meu redor toda a minha imensa e inerte insignificância. Aquelas que escondo nas dobras das toalhas do café da manha, e dentro de alguns lençóis. Flores orvalhadas e frescas em coloridos crepons. Uma gama de cores e efeitos individuais. Não me trazem recordações. Um perfume de rosas, tulipas e gerânios, dentro de sua sofisticação entram como um soco no estômago, e me tranco inteira, protegendo-me da dor. Desse fio invisível de frustrações e insatisfações... Um fio de fortes tendências de assassinato e desamor. Ser mãe... É-nos imposto o poder de gerar, de dar a luz... A quem? Não sabemos, e recebemos este legado como uma paixão natural, incondicional, com o mundo nos cobrando um ser perfeito e belo. Somos obrigadas emocionalmente a criar, socialmente a cuidar, alimentar, sustentar e proteger de todas as questões, muitas vezes sangrando na pele. Mas, você é falho... Erramos infinitas vezes tentando sobreviver e acertar, tentando manter o controle de cuidados a seres tão especiais e individuais, que no mais íntimo dos seus medos você não sabe quem são... A natureza nos impôs uma condição, e muitas vezes um peso que nem sempre agüentamos carregar; E temos medo de gritar ao mundo a nossa vergonha... De não querer, não gostar, não se sentir capaz, até de não amar! Medo de que? Quem pode julgar a nossa historia de abnegações? E vivemos mães... Sangramos desde as dores do parto. Queimamos em uma fogueira de abandono, em casa, calçadas e asilos. Sacrifícios e anulações. Insultos, insatisfações, violências, marginalidade, drogas e Rock’n Roll... E muitas vezes fome. Somos as mães pelicano que rasgam o peito para os filhos bicarem quando não a mais o que comer. Acho cruel essa condição de responsabilidade irrestrita e condicionada a uma santidade utópica e surreal. Mães têm que serem amadas, respeitadas, cuidadas, valorizadas; Porque ao contrário do que dizem aos sete ventos, mães também têm limites, e esse tão propagado amor maternal, não é tão incondicional assim... Nem tudo são flores, muitas vezes nunca! E os vasos... Estão vazios

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