Versos sobrados
Cem mil pensamentos percorrem meu cérebro e se revelam trancados e escondidos; Malucos para escapar mas com medo dos naufrágios, num mar turbulento e cheio de vagas. Enrolados anéis. Ando meio estranha num misto de liberdade e frustrações. Ah! E muitas vontades que nem sei direito quais são, em sonhos calados e ausências. Já me revesti de tantas historias, tantos braços pernas e bocas, que não sei mais falar de mim. Me sinto à parte como uma cidade velha e empoeirada. Um rio correndo para dentro de uma caverna escura. Deixei de ser importante e necessária, e isso me preocupa me causa angústia. Versos cortados. Versos sobrados sem rimas, sem lugar. Ando não sabendo onde me encontrar. Talvez com medo dos monstros do lago, quando me arrisco a sair devagar e na noite quieta, onde me visto humana. Estou trancada em algum lugar, perigosamente frágil. Um imenso tempo me separa do eu real quebrado em algum lugar. Sinto medo do que criei nessa hora gasta e enferrujada. Eu não sou eu que pareço que sou mas sei que não sou, e nem sei onde estou. Todos os que falam comigo, falam com alguém que não sou. E quando respondo coisas tão íntimas como se fosse eu, não me reconheço. Alguém fala por mim dentro desse meu silencio sacro, com a minha voz contornada, macia e fria, e tão auto-suficiente que me assusta, me amedronta. Que mulher erguida é essa que me vestiu as roupas, se enfiou nos sapatos e não quer mais sair... Alguém que nunca chora... Cem mil pensamentos escondidos e trancados que não consigo pensar. Estou acuada e quieta, e escondida esta a minh'alma. Em silencio como ser invisível que me tornei. Muros tão altos que não consigo pular. Guardada em essência por traz de nevoeiros e dos sonhos remoidos, que se perderão ridículos nos intervalos... Entre um abrir e fechar de olhos
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