Lúdico

Mulheres me embriagam me extasiam. Novas, velhas, mulheres curvadas ou esquias. Brancas, negras, amarelas, vermelhas, multicoloridas que espiam o mundo das suas varandas, portas e janelas. Seus anos se foram, ou talvez não... Mas sei que não existirão cataratas que as impeçam de ver, com os olhos da mente cheia de distrações e sorrisos abstratos. Mulheres da vida, mulheres sofridas, felizes, fagueiras, ativas, passivas sempre me fascinaram, sempre me apaixonaram. Talvez seja o poder que trazem escondidos debaixo de suas saias, miopias e silêncios de brisa e sol . Seu jeito, trejeito. Cabelos emaranhados, dentes, salivas, sorrisos e olhos brilhantes feitos bicho acuado, cansado, babando. Fugazes nos gestos, mulheres do mundo! Fascinantes andarilhas inchadas e bêbadas, cheirando cirrose lanhada da vida e de seus homens em meio a delírios, sem eira nem beira. Mulheres febris que enlouquecem de amor, de dor, alegria e ternura. Às vezes infinitamente cansada... Dissimulada. Outras, mitificada, idolatrada que amamentam seus filhos, as crias que Deus lhes deu. As lobas que ficam quietinhas sentadas paradas, mas invencíveis, cheia de novas propostas. Contundentes reluzentes, tecendo malícia em suas camas deitadas silenciosas, às vezes raivosas, mas cheia de sutilezas como á dizer: Existo! Mulheres embriagadas em seus saltos altos, cambaleantes, saltitantes de braços dados ou não. Enamoradas por um por dois..... E que tanto amor se faz em meio à cachaça, pileques, brigas, garrafadas e algumas lágrimas sangrando gentis. Lindas mulheres da vida embalando seus sonhos, sorrisos e lágrimas em noites de tempestade e solidão. Sonham a vida inteira sem ao menos realizar um! Mas são perseverantes nesta mania de sonhar. Coerentes e consistentes. Mulheres meninas, crianças distraídas que brincam e rolam na grama pronta para parir os filhos do mundo nas voltas que a vida da enrolada ate o pescoço neste envolvimento materno. Ser mulher é ser trigueira é ser faceira, ser guerreira lavadeira e até rameira! É ter propósito, saber sorrir, cantar, festejar e até dançar! Ser mulher é contornar a crise. É ser cansaço, é ser abraço de mãe apertado de saudade. É ter o rosto salgado das lágrimas que já chorou. Ser mulher é ser comédia e drama nos caminhos que se andou, ter colo para dar, ter mãos para afagar, ter pernas pra enroscar é ter corpos para amar. É caminhar, é levitar. Ser mulher é impressionar, é falar manso, gostoso, baixinho, mas por vezes gritar, se a causa é justa. E quase sempre é! Ah, que lindas mulheres, mães da terra atormentadas. Mil segredos guardados, o peito sempre apertado, o choro que vira nó. Por vezes traçam destinos desvendando seus mistérios. Mulheres são seres brandos, altivos passivos, mágicos e apaixonados que giram a dança da vida na roda dos excluídos. Mulheres cheirosas, fogosas e recatadas, tímidas e despudoradas. São lindas estas mulheres de idades diferentes de gestos e vozes sutis, limites e menstruações. É sempre uma nova historia de recato e saudade. Amor ferido, traído, contido, abismos e êxtases, encobertos, exaltados, ansiosos e atormentados. Há sempre um novo poema, certo dilema, devaneios e reflexões. Que me perdoe o poeta, mas beleza nem sempre é fundamental... Fundamental é ter olhos para ver, para sentir como é linda uma mulher, independente ou passiva cheia de sensações, com olhos de sol, virada de pernas pro ar!!!