Uma dessas palavras nuas chama-se Mara Araujo

Coisas de alma...

Penso que minha alma é imortal. Que fui criada num sopro, no barro. Que minha alma existe muito, mas muito antes da criação do universo e que cumpro um processo, uma missão que me foi dada. Que a vida é pequena demais, mas... Somos imortais! Decidi há já muito tempo ser livre, ou, deixar minha alma livre, porque acredito na existência da alma e dos sonhos, mas sei que a realidade as vezes é incompatível aos sonhos. Minha mãe me ensinou a sonhar entre outras coisas e desde então sonho muito. Acho-me às vezes, tola, antagônica e até surreal porque sou leve, de uma transparente liberdade que não protege, característica de oposição a uma sociedade que tolhe, que não ouve, não vê, sempre implicitando suas leis, suas regras. Apenas ser, ter sensibilidade para perceber e libertar a alma porque também, nunca consegui prende-la, nem eu nem ninguém. Nunca tive domínio para comandar essa alma que vive dando risada e cambalhotas, tem pernas compridas, e sabe voar. Fico pensando nesse jeito estranho de ser, engraçada, amorosa, agitada, objetiva, eufórica até audaciosa onde às vezes um silencio profundo me abate, enigmático até para mim, acho que... Coisas de alma. Não possuo conflitos, insonia, angústias e nem frustrações, é óbvio que gostaria de feito um milhão de coisas diferentes, mais politicamente corretas, mas não fiz e agora, vou me matar? Eu não! Vivo na superfície de todos os perigos tentando sempre acertar, tentando a sensibilidade para perceber, às vezes dá às vezes não ai, converso comigo, me acalmo estimulo, brigo, perdoo, crio e minha alma vai junto, sempre achando tudo engraçado. Coisas de alma liberta, tenaz, fértil, inquieta nas ideias, mas, livre! E vivo assim, onde todos os problemas, que problemas... Morrem crucificados nas paredes dos pensamentos, portões velhos, ferrugens e líquen, a nostalgia das coisas. A vida é pequena demais, pra que complicar...