... É só clicar no titulo do Blog, ( Em casa de poeta, o importante é sonhar!) que ele disponibiliza todo o conteúdo. Eu, acho que vale a pena. Acho também que a troca seria perfeita se deixassem um comentário, eu adoraria! Mara Araujo





domingo, 28 de fevereiro de 2010


Corporalidade

Existem épocas que acreditamos piamente sermos imortais. Tudo podemos. O mundo nos pertence e é infinito. Dentro da nossa pseudo inocência está sempre à nosso favor. Se erramos, acreditamos que teremos todo o tempo do mundo para consertarmos, mais tarde... Sempre mais tarde. Infinito tempo ao nosso dispor,... E agora, essa corrida louca. Este buraco negro prestes a me engolir em sua profundidade, cheio de dentes e babas viscosas a me ameaçar o tempo todo, enquanto fico dando voltas no mesmo lugar sem saber o que fazer. Corro, respiro, relaxo, fico imóvel, recuo, me escondo das pessoas. Um medo hesitante e intenso de mil cabeças. Dragões, espadas e tentáculos a se jogarem para todos os lados. Um medo inexplicável e desproporcional a me retesar o corpo todo como garras onde o coração bate confuso. Percepção do tempo vencido, vencendo. Percepção do infinito diante de uma linha riscada como um eczema, como uma erupção, como um destino que se consumou e presta contas, como animal demente de medo enquanto o tempo cobra como fera selvagem, felino de olhos brilhantes e fixos a grunhir por todos os lados, cheio de pelos e de fome enquanto eu sinto medo de morrer, de acabar em alguns centímetros quadrados de terra pesada em que não vou caber, com todas as minhas colocações imagináveis. Coisas que criei, que inventei, de sonhos, figuras e gentes. Todo um imaginário que dei vida criando combinações até inimagináveis a dançar no mundo das luas, dos sóis, sem noções de limites, esse limite caótico em que moramos amarrados ao nosso mimetismo diário e formal de todos os dias estacionado, estacionário, o tempo todo buscando o sentido das massas para o grande e derradeiro final. Mergulho que arregimenta para um vazio indescritível. Aventais brancos, sorrisos e holofotes que me ofuscam a visão. Relaxo minha corporalidade. Consciência total do meu medo e, acho que vou vomitar...

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