Bolero
O jogo me atrai, como um bolero em dois pra La dois pra Cá. Como um tango rubro de Gardel e luz de velas. Ritual de jogo absoluto, onde mato querendo morrer! Uso artimanhas, espalho cheiros e longos olhares, cheios de madrugadas, de lençóis perfumados, morangos e intenções. Jogo cúmplice, na mão do adversário. Componho uma seriedade cheia de cartas marcadas, de riscos e sinais, onde voam pernas plumas e silêncios. Jogo de mãos de pés, de olhar quente e bebível, comível que me envolve numa roda frenética, onde embriagada mergulho. Oceano de tentações, seduções que alongo, prolongo, absorvendo em grandes goles, como bebida quente que desce queimando a garganta, as entranhas. Elemento ativo que atinge a profundidade do jogo, num cheiro de meia noite de ciladas e presas. Meço jogadas prevendo resultados e consequências. Seguro cartas na manga para o momento final, mas não roubo. Jogo de estratégia e possibilidades, onde o corpo dança e espreita selvagem, num ar de névoa, de tango de embriaguez. Fumaça espalhada, ares de incenso com cheiro de violetas. Entrego as cartas meio instintiva, primitiva, e cheia de portas... Decido perder
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