Incoerência
À noite, como uma mulher sedutora, me envolve com seus cílios pesados e braços longos, numa lua fria, de céu sem estrelas. Lava-me como um rio de muita espuma que desce agitado como os pensamentos que flutuam como folhas secas, encharcados de saudades. Seus olhos me vêem nas lembranças, com brilho de água, de coisas proibidas e intenções mercuriais, transcendentais. Seus desejos loucos e ensandecidos a me amar, extraindo do meu vil humano a força de um Deus, de um tornado, o fogo de um vulcão. Arrebatando todas as minhas palavras, todas as saídas e as horas. Absorvendo todos os fluidos, o passado, presente futuro... E te recolho inteira no meio das minhas incoerências, do meu microscópico destino, das minhas lembranças, do meu abandono e te elejo, sem nenhum pudor... Ar, relva, luz, orvalho, lua, flor, céu, estrela queda, abismo, todos os meus retratos, toda a minha fome, loucura, desejos, dias, noites. Elejo-te íntima, aguda nas intenções e te entrego todas as minhas falhas, meus pecados mais difusos numa pantomima de erros e te peço perdão... Por ter me amado tanto, como uma vida inteira, vislumbrando rasgos no horizonte tão desarmada, como se chorasse... A dor... A morte. E te perdou pelo egoísmo de se perder sozinha e ir embora salpicada de luz, enquanto eu me submeto a sua ausência, a sua sombra e enlouqueço nas noites longas, vazias e escuras que me sufocam
À noite, como uma mulher sedutora, me envolve com seus cílios pesados e braços longos, numa lua fria, de céu sem estrelas. Lava-me como um rio de muita espuma que desce agitado como os pensamentos que flutuam como folhas secas, encharcados de saudades. Seus olhos me vêem nas lembranças, com brilho de água, de coisas proibidas e intenções mercuriais, transcendentais. Seus desejos loucos e ensandecidos a me amar, extraindo do meu vil humano a força de um Deus, de um tornado, o fogo de um vulcão. Arrebatando todas as minhas palavras, todas as saídas e as horas. Absorvendo todos os fluidos, o passado, presente futuro... E te recolho inteira no meio das minhas incoerências, do meu microscópico destino, das minhas lembranças, do meu abandono e te elejo, sem nenhum pudor... Ar, relva, luz, orvalho, lua, flor, céu, estrela queda, abismo, todos os meus retratos, toda a minha fome, loucura, desejos, dias, noites. Elejo-te íntima, aguda nas intenções e te entrego todas as minhas falhas, meus pecados mais difusos numa pantomima de erros e te peço perdão... Por ter me amado tanto, como uma vida inteira, vislumbrando rasgos no horizonte tão desarmada, como se chorasse... A dor... A morte. E te perdou pelo egoísmo de se perder sozinha e ir embora salpicada de luz, enquanto eu me submeto a sua ausência, a sua sombra e enlouqueço nas noites longas, vazias e escuras que me sufocam
Nenhum comentário:
Postar um comentário