
E tudo se transforma...
As palavras embaralham-se, escapam-me pelas mãos, escorrem entre dedos em tons de azuis variáveis. Grafitadas, bordadas, tremulas, vermelhas, pretas, verdes e compulsivas. Formam-se desventrando dentro de um ónibus qualquer, descobrindo formações dramáticas. Sempre a caminho de alguém ou alguma coisa, sujeitando-me sempre a dançar a luz da lua, a ler estrelas, ouvir cigarras, duendes e voar. E risco letras no papel que parecem sangue, matéria orgânica que condenso. Máscaras teatrais... Porque a minha paixão, a minha alma, não cabe no texto e excedem. Não há como fugir, é tudo texto, as ruas, as pessoas, corpos que exalam cheiros e gestos, as respirações, amplexo... A paisagem que passa correndo como um leão ferido, é texto, os braços compridos do mar, a cor quente, o cheiro melado, o asfalto negro, são textos, não há salvação, tudo se transforma em texto. Meus pensamentos são textos que se misturam sacudidos, e vejo entre os prédios um Cristo Redentor crucificado e penso que hoje é Páscoa. Salto a janela e caio ajoelhada, caótica e desordenada aos pés de Deus, a prever conseqüências ... E peço redenção, entre a loucura e a sanidade, entre o azul e o branco, entre o amor e a paixão, o singular e o plural, entre a fome e a sede... E tudo se transforma em texto...
Um comentário:
Mara que texto belíssimo!!!
Tudo que você escreve é maravilhoso!!
Parabéns pelos seus lindos textos e seu blog feito com muito bom gosto e inteligência!!!
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